Reciclar atitudes é bom, de vez em quando

Escorpião em Bragança Paulista

Na economia, dois conceitos chamam a atenção, por estarem presentes, norteando os rumos da sociedade: A demanda e a escassez.

As duas fazem menção a quantidade de bens ou serviços produzidos pela sociedade, sendo que, na demanda, faz-se referência à procura que esse bem terá, baseado no seu preço definido pelo mercado e na necessidade das pessoas, enquanto, na escassez, trata-se, em suma, da disparidade gerada entre essa quantidade demandada, de tal bem, com o montante que o mercado oferece. Por que dessa explicação? Simples.

Imaginemos o mundo, com seus pouco mais de 6 bilhões de habitantes. Junto com essa quantia, somada ao aumento contínuo e desenfreado da população mundial e da indústria, notamos, cada vez mais, o aumento da produção de resíduos orgânicos e inorgânicos, na nossa sociedade. Aumento, esse, que corrobora com os conceitos de demanda e escassez, ditos no começo do artigo. Isso porque, com o tempo, a sociedade tende a buscar por mais, nunca dando-se por satisfeita ou realizada. Com mais e mais demanda, surge a necessidade de maior produção, que acarreta em maior consumo. E, como todos sabemos, maior consumo significa maior acúmulo de dejetos despejados no ambiente. Em outras palavras: lixo acumulado.

Em dado momento, o ser humano percebeu que essa receita, do jeito que estava, não sairia tão lucrativa, para ele, nem para a saúde do planeta, e, economista que é, por natureza, encontrou uma solução que aliviasse esse problema, atendendo a todos, sem deixar de lucrar, óbvio. É claro, que estamos falando da reciclagem.

Através do reaproveitamento de objetos usados, pode-se confeccionar novos produtos, prontos para voltarem às prateleiras, serem vendidos, usados, descartados e, assim, reutilizados, num ciclo, aparentemente, tão saudável, quanto lucrativo. Isso porque o processo de reciclagem, além de dar sobrevida ao planeta, gera riquezas para seus “usuários”, uma vez que algumas empresas e instituições utilizam o processo como meio de reduzir seus custos. Muitas ONGs e governos, inclusive, cobram posturas mais responsáveis, das empresas, atrelando seu crescimento econômico com a preservação ambiental. Assim, campanhas de coleta seletiva de lixo e reciclagem de determinados materiais, já são comuns, em várias partes do mundo.

Nesse segmento, nosso país é líder mundial. Quase toda a totalidade de garrafas PET e latinhas descartáveis, por exemplo, são recicladas, por aqui. No entanto, estudos apontam que o país deixa de ganhar cerca de 8 bilhões de reais, por ano, por não reciclar certos resíduos, que poderiam ter outro fim, que não os aterros e lixões, espalhados pelas cidades. Ao invés disso, os materiais mais reciclados, no Brasil, são o plástico, o alumínio, o papel e o vidro.

Além de contribuir para a saúde do planeta, reduzindo a poluição do solo, do ar e da água, a reciclagem também tem se mostrado uma alternativa mais do que interessante, para muitos trabalhadores brasileiros. Cresce o número de desempregados que buscam trabalho nesse setor, em cooperativas ou como catadores de papel e alumínio, que conseguem gerar renda para manter suas famílias, motivados por essa crescente prática.

Para muitas catástrofes e desastres naturais, que assolam nossas cidades, essa alternativa também pode virar solução. Com o número de dejetos gerados pela sociedade, somados a falta de educação, de muitos, aumenta a quantidade de lixo jogado nas ruas, em bocas de lobo, bueiros, esgotos, etc. Isso, além de deixar a cidade bem mais feia e suja, dificulta o escoamento de água, durante chuvas, o que provoca enchentes, alagamentos, deslizamentos de terra e uma série de problemas, para a população. Reciclar, então, parece uma solução, urgentemente, necessária.

Mais do que demandar e prover, a sociedade precisa aprender a poupar e reutilizar. Porque não existe escassez pior do que a de inteligência.

 

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